Sobre Paixão
Paixão tem origem na palavra grega “pather”, sendo esta atribuída ao fato de alguém ter sido tomado por algo. Uma pessoa apaixonada é assim, aquela governada por uma força além do seu controle.
Aqui, compreenda-se por paixão toda forma de pensar onde o sujeito não tem controle dos próprios sentimentos e/ou pensamentos, tornando-se assim, servo das aprendizagens passadas, inclusive valores, os quais, quando em contato com uma determinada situação presente, geram um movimento nos pensares e, portanto, nos sentires, perante os quais o indivíduo não teve educação para governá-los, a qual necessariamente exigiria muita disposição em contrapor-se às aprendizagens passadas, indo, por assim dizer, contra a inércia da própria história.
Um indivíduo passional é aquele que não pensa os próprios sentires, nem tampouco pensares ou atitudes. Sendo, portanto, alguém que segue uma forma de viver permeada por trevas.
O crime passional encontra aqui a sua razão, isto é, o indivíduo infringe a lei cometendo um crime num momento que não detém o controle de si mesmo, ou por negligência, ou por incapacidade.
Uma das situações mais freqüentes de paixão é o gostar apaixonado de uma pessoa por outra, sendo desprovido de lucidez perante as diferentes formas de pensar tidas como de beleza e/ou feiúra do gostado ou amado. Neste caso, é freqüente quando uma pessoa ama de maneira apaixonada e não-lúcida ter sensações muito agradáveis perante este alguém, mas quando o amante percebe de maneira lúcida no amado as feiúras e/ou as belezas, a paixão (falta de controle) pode acabar, e também o gostar ou amor, embora o oposto também possa ocorrer. Por exemplo, alguém num primeiro momento desgosta bastante de outro indivíduo por impressões iniciais perante este, e na medida em que o tempo passa e os pensares perante o desgostado mudam, também o sentimento mudará, podendo transformar-se em paixão.
Bayard Galvão
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