Comunicar e Dialogar
Comunicar é tornar comum uma idéia. Dialogar é o processo de, através da comunicação, criar o estudo entre duas pessoas, de uma em relação à outra.
Nesses termos, muitos se comunicam e poucos dialogam. Basta para tanto refletir sobre uma discussão entre dois indivíduos que se confrontam, ouvindo a argumentação do outro apenas para munir-se de idéias para contrapor os argumentos, mas muitas vezes sem levar a uma investigação de implicações e embasamentos dos pontos expostos pelo segundo, havendo comunicação, mas não diálogo. Assim, não ha mudança do indivíduo, apenas uma reconfirmação de si.
A vaidade é inimiga do diálogo, pois caso essa seja definida como o orgulho de si por belezas fúteis, essa auto-estima limita e/ou impede a revisão de pensares falsos e/ou pouco lógicos, percebendo não ser tão bom quanto se acreditava ser. Dialogar é, por conseguinte, criar a possibilidade de perceber a si e ao outro.
Algumas virtudes são necessárias para a atividade do dialogar como condições para lidar com as próprias faltas e falhas, e entender como afetou de maneira lesiva outra pessoa e o próprio relacionamento.
Uma relação saudável é feita a dois, a dificuldade de um fértil diálogo por uma ou outra parte dificilmente manterá a “união” por muito tempo, problemas ocorrem, não todos precisam ser resolvidos, mas pelo menos os mais importantes, sendo esses referentes ao quanto fazem parte da estrutura da relação.
“A convicção era forte demais”.(Starobinski, 1991), as idéias defendidas de maneiras cegas, fundamentadas ou não, dificultam o crescimento do próprio indivíduo, pois o enrijecem desnecessariamente. Por exemplo: alguém considerado por si inteligente e com um gosto por refletir sobre o viver, raciocinando longamente e intensamente sobre esse, começa a discutir com alguém sobre moral, cuja aparência é de ter pensado pouco sobre o assunto, partindo, do primeiro, ironias com relação às suas reflexões devido às estratificadas e simplórias percepções do mundo. Faltando ao primeiro tolerância, pelo menos, contradizendo-se inclusive, caso tenha defendido essa postura como própria.
Bayard Galvão
Passagem do livro “Transparência e Obstáculo” quando há uma reflexão sobre uma afirmação injusta de uma criança estar mentindo, quando de fato assim não o era, pois os acusadores estavam surdos e cegos com a sua crença, além de transtornados também pela pseudomentira.
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