Beleza, Estética e Amor
Por beleza compreendam-se estímulos visuais, auditivos, olfativos, táteis e/ou gustativos que provoquem sensações agradáveis em um ou mais indivíduos, sejam eles fatos objetivos (“reais”) ou subjetivos (“imaginados”). Em termos genéticos pode-se afirmar que alguns fatos objetivos são geneticamente agradáveis como certos tons, toques, cheiros, gostos e intensidades de luminosidade.
Desta forma é razoável afirmar que palavras em si não são geneticamente belas, mas sim as maneiras como são pronunciadas. O mesmo ocorrendo com uma relação sexual, não sendo essa atividade em si geneticamente agradável, mas sim os toques, estes por sua vez, dependendo da maneira como sejam feitos, será dessa maneira nomeado.
Referentes às imagens, não existem formatos geneticamente agradáveis, mas apenas intensidades de luz. Portanto, não existe estrutura facial nem corporal geneticamente bela, nem tampouco cor de pele. Assim a beleza facial, corporal e de cor é inteiramente aprendida e ensinada.
O instinto são os movimentos de busca com os quais nascemos, são dois: (1) em direção às sensações agradáveis e (2) fuga de sensações desagradáveis. Alguns pesquisadores chegaram a afirmar que a beleza facial e até mesmo corporal baseia-se em estímulos visuais simétricos concebidos geneticamente, os quais indicariam, por motivos evolutivos, uma maior possibilidade de saúde, portanto, mais indicados para perpetuação da espécie. Para contradizer essa colocação, bastaria pensar numa criança nascida numa ilha apenas com indivíduos com hanseníase e membros amputados e refletir sobre a possibilidade dela achá-los feio. Com o tempo ela até poderia ver em si, em outros humanos, e animais, simetria e então fazer comparações, mas seriam aprendidas e não genéticas.
Por estética compreenda-se a ciência da beleza. Caso compreendamos ciência enquanto o processo de descoberta dos princípios e relações entre si que rejam as coisas e seus movimentos, pode-se afirmar que conceitos que necessitem do Ser Humano para existir como estética, justiça, amor, angústia e outros, não pode ser considerada ciência. Assim posto, Cirurgia Plástica é a área da medicina que tem como finalidade estética, para tanto, são utilizadas diferentes técnicas para melhorar aparentar segundo o convencionado por uma certa quantidade de pessoas como beleza.
Como convencionar quais são as belas imagens? A resposta dependerá das reflexões e valores de quem responder, houve momentos históricos de expansão e guerra onde beleza era da aparência de ser uma boa “reprodutora” e bons guerreiros, portanto mulheres de quadris largos e homens musculosos, depois por homens com aparência de poder financeiro e fartura, portanto, considerados de acordo com os padrões atuais gordos, depois ainda da boemia no final do século XIX, representada pela tuberculose, portanto, magros.
Hoje, a noção de estética é regulada por uma mídia globalizada, governada por aqueles que têm poder devido ao dinheiro, sendo, portanto, direcionada para receberem mais, propondo como belo o antinatural, no caso, uma eterna jovialidade em termos de pele e aparência (apenas possível devido a cremes, cirurgias, lipoaspirações e outros), cheiros artificiais (possibilitados por desodorantes, banhos, perfumes e outros), magreza (a qual para mantê-la, apenas com muita ginástica em “academia e diets”) e óbvio, a aparência de ter dinheiro através de roupas de marcas X, carros de valor Y, bolsas de valor Z e assim por diante.
Ao definir amor com base nas idéias de Aristóteles, pode ser dito ser esse sentimento o buscar de maneira prazerosa o bem-estar do outro, ocorrendo esse processo segundo as belezas do amado de acordo com o amante. Assim posto, ama-se o belo. Por essas e outras razões busca-se ser belo, mas se estamos numa sociedade preocupada e movimentada não tanto por belezas nobres como justiça, amizade, liberdade de pensamento (capacidade de governar de maneira lúcida os próprios pensamentos e sentimentos), ética e tantos outros, mas sim a beleza de ter corpo jovial, magro, forte e de aparência de poder financeiro, político e outros, o quê será buscado e cultuado? E ainda, se o que provoca amor entre humanos é a beleza e esta no caso se for passageira e comum a muitos, o quê manterá o casal junto por mais tempo? O quê os unirá e separará?
A cultura (o cultuado por duas ou mais pessoas) brasileira tem levado o pai e a mãe de praticamente todas as classes econômico-sociais a trabalharem para obter muitas vezes o desnecessário, deixando os filhos muitas vezes educados por pobres programas de televisão como muitas novelas, desenhos, programas infantis, filmes, músicas, programas de rádio e outros estímulos não formadores de um espírito capaz de Liberdade de Pensamento. Estas crianças mais tarde terão outros filhos e tentarão educá-los quando eles mesmos muitas vezes não têm educação, repetindo e piorando o ciclo. Assim, assiste-se hoje no Brasil, com a única diferença com relação a outras épocas de serem mais globalizadas e claras as idéias, um esvaziamento das relações humanas, as quais são alimentadas e sustentadas por trocas entre duas pessoas que ultrapassem o momento de prazer sexual e da imagem.
Portanto, beleza é fundamental para as relações humanas, tanto de uma estética do corpo (até mesmo por ser o primeiro sentido utilizado) como de uma estética do espírito, quando ambas caminham juntas, elas tendem a permitir um agradável e longo relacionamento, amoroso ou não, entre homem e mulher, pai e filho, amigos, familiares e outros. A estética física está bem trabalhada e buscada e a espiritual, como tolerância, paciência, perseverança, doçura, boa-fé, fidelidade, justiça, Liberdade de Pensamento, sabedoria, força, perdão e tantas outras?
Bayard Galvão
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