Alienação de Si e Suas Levezas
A leveza da ignorância de si e a compreensão de si provocando dores. Por ignorância compreenda-se a falta de lucidez sobre movimentos próprios e/ou do mundo . A não compreensão é do reino da ignorância.
Alguns exemplos de “doce ignorância”:
– Pai com dificuldade com os filhos por terem sido estes muito mal educados por ele, embora não tenha claro esse aspecto;
– Homem ausente e desnecessariamente violento casado com uma mulher que saiu com outro, não tendo claro, entretanto, quão mal cuidava dela;
– Empregador generoso evitando observar um empregado que o rouba a fim de evitar o transtorno de demissão.
Alguns exemplos sobre a compreensão de si provocando dores, buscando a partir daí então uma vida mais eficientemente hedônica:
– Jovem de 21anos sofre com a perda do avô e entende as causas da tristeza: perda de um amigo (confidente, aluno e mestre), de uma referência para a vida, de segurança nas possíveis dores da vida, da única pessoa em quem confiava e outras razões de peso menor. Tidos esses entendimentos, cria e busca instrumentos para lidar com a situação: correspondências recebidas, lembrança de conversas e situações outras, tanto duras quanto suaves, de quando criança jogando futebol, aprendendo xadrez, almoços, jantas, natais e tantos outros. Começa a perceber que o avô faz parte da vida desde piadas de cunho similares, maneiras de movimentar as mãos, de conversar, de interesses na vida, de sorriso, até valores e caráter. Tornou-se mais sozinho, mas não solitário. Quem perdeu fará parte da sua própria finitude.
– Homem perto dos 60 anos, aposentado, desde cerca de 50, reflete sobre longo relacionamento se perguntando sobre o que quer para os últimos anos da própria vida. Chega à conclusão de que a sua mulher está com ele por motivos que considera insuficientes e ruins. Além de ter comportamentos constantemente e intensamente desagradáveis. Embora também perceba os próprios erros, pelo menos alguns, se afasta buscando novas possibilidades na vida.
Ignorância contrapõe-se àquilo passível de saber. Então, ser-se-á sempre ignorante acerca de algo em maior ou menor nível.
Dr. Bayard Galvão
Psicólogo Clínico e Hipnoterapeuta